Diagnóstico

Testes diagnósticos
que auxiliam na investigação da infecção por SARS-CoV-2

Existem dois tipos diferentes de testes que auxiliam na investigação da infecção por SARS-CoV-2: os que detectam a presença do vírus (testes moleculares para pesquisa de material genético e testes para pesquisa de antígenos), e os que detectam a presença de anticorpos (IgA, IgM e/ou IgG) produzidos pelo organismo humano contra o vírus.

Nesta figura, é possível observar a provável variação de comportamento do RT-PCR e dos testes imunológicos que detectam anticorpos (IgM e IgG) ao longo do tempo, considerando-se o início dos sintomas.

A partir da exposição ao vírus, existe um período no qual embora haja presença de SARS-CoV-2 no organismo da pessoa, há uma grande chance de o vírus ainda não ser detectado por nenhum teste. À medida que a infecção vai evoluindo e os sintomas vão surgindo, aumenta-se a chance de detecção do vírus em amostras respiratórias (swab nasofaríngeo e lavado broncoalveolar/escarro), por meio a técnica de RT-PCR. Acredita-se que o pico desta detecção ocorra na primeira semana de sintomas.

Sendo assim, idealmente, as amostras para RT-PCR devem ser coletadas até o sétimo dia após início dos sintomas, já que a probabilidade de detecção vai decaindo após esse período.  No entanto, observa-se que, na maioria dos casos, o RT-PCR permanece detectável até 14 dias, embora alguns estudos tenham demonstrado detecção viral após 20, 30 dias do início dos sintomas. No entanto, ainda não se sabe se esse vírus permanece viável neste longo período e com capacidade de infectar outras pessoas.

Além do RT-PCR, outra importante ferramenta utilizada para se investigar exposição ao vírus são os testes imunológicos que detectam anticorpos. Os anticorpos surgem mais tardiamente no organismo, começando a serem detectados aproximadamente a partir do dia 5,5 após início dos sintomas. Os primeiros anticorpos encontrados são do tipo IgA (não representado na figura) e IgM, seguidos por IgG. Estima-se que o pico da detecção dos anticorpos ocorra entre a segunda a terceira semana após início dos sintomas.

Desta forma, no que diz respeito aos testes que detectam anticorpos, as amostras devem idealmente serem coletadas a partir do oitavo dia do início dos sintomas, aumentando-se mais ainda a chance de positivar o teste entre a segunda e terceira semanas. Testes que detectam anticorpos totais podem apresentar sensibilidade maior do que aqueles que detectam somente um tipo de anticorpo.

Por fim, fluxogramas que combinam RT-PCR com testes imunológicos parecerem mais promissores para identificação de um maior número possível de casos. Os resultados dos testes diagnósticos devem ser sempre associados com dados clínico-epidemiológicos para definição de caso de COVID-19 e conduta terapêutica.

É importante ressaltar que essas informações podem ser atualizadas à luz do conhecimento científico, pois se trata de um vírus ainda novo no mundo e, portanto, há um grande número de estudos sendo publicados periodicamente.

Informações sobre testes

Tipos de testes diagnósticos que auxiliam na investigação de COVID-19

Para todos os tipos de testes diagnósticos, é muito importante que as amostras sejam coletadas por profissionais treinados e sejam devidamente acondicionadas e manipuladas, visando a qualidade da testagem. A execução dos testes deve ser feita por profissional habilitado e capacitado, seguindo rigorosamente as instruções de uso do fabricante.

Considerações sobre o uso e a interpretação dos testes diagnósticos na COVID-19

Testes moleculares do tipo RT-PCR para detecção de SARS-CoV-2
O que são?

Técnica laboratorial de alta sensibilidade e especificidade com base na amplificação e detecção do material genético por meio da reação em cadeia da polimerase (PCR, do inglês polymerase chain reaction). O SARS-CoV-2 é um vírus de RNA e, portanto, existe uma etapa prévia à amplificação necessária, que consiste na transcrição do RNA para DNA com auxílio de uma enzima denominada transcriptase reversa. Desta forma, o teste molecular utilizado para detecção de SARS-CoV-2 é o RT-PCR (do inglês, Reverse transcription polymerase chain reaction).

Quando o RT-PCR de ser solicitado?

Diagnóstico de infecção aguda pelo vírus. Idealmente entre o 3º e 7º dia após início dos sintomas ou assintomáticas que tiveram contato recente com o vírus. É importante ressaltar que o RT-PCR avalia a presença de RNA viral na amostra e, portanto, a persistência do exame positivo não significa necessariamente que o paciente ainda esteja infectado.

Quais são as amostras utilizadas?

Amostras respiratórias: swab nasofaríngeo e swab orofaríngeo – recomenda-se a coleta de swabs combinados, ou seja, swabs nasofaríngeo (trato respiratório superior). Em pacientes mais graves, pode-se coletar também aspirado traqueal, lavado broncoalveolar e escarro (trato respiratório inferior). O tipo de amostra permitida para cada teste pode variar conforme fabricante.

Quais são as limitações do teste?

  • Não são capazes de indicar contágios passados com o vírus.
  • Oscilação da carga viral durante a infecção pode impactar na sensibilidade do teste.
  • A detecção do vírus na amostra não significa necessariamente que ele ainda esteja infectante.

Testes imunológicos (imunoensaios)
Possuem como princípio metodológico a ligação entre antígenos e anticorpos. Existem dois tipos: os que detectam anticorpos e os que detectam antígenos.

Testes imunológicos que detectam anticorpos

O que são?

Podem ser testes laboratoriais (ex: ELISA, quimioluminescência) ou rápidos (ex: imunocromatográficos), que realizam a pesquisa de anticorpos do tipo IgA, IgM e/ou IgG anti-SARS-CoV-2 em amostras biológicas. Estão disponíveis no mercado diversas apresentações destes testes, podendo detectar anticorpos totais, apenas um tipo de anticorpo ou então mais de um tipo de anticorpos com a emissão do resultado de forma discriminada.

Quando os testes que detectam anticorpos devem ser solicitados?

Para investigação de exposição ao vírus, idealmente a partir do 8º dia após início dos sintomas, possuindo melhor desempenho a partir do 10º dia. Além disso, a detecção de anticorpos também pode ser indicada para avaliar se a pessoa já teve exposição ao vírus de forma assintomática. Por fim, estes testes também são úteis para estudos de avaliação do percentual de pessoas já expostas ao vírus e que já desenvolveram anticorpos.

Quais são as amostras utilizadas?

Sangue total (coletado por punção digital ou venosa), soro ou plasma. O tipo de amostra permitida para cada teste pode variar conforme fabricante.

Quais são as limitações do teste?

  • Possibilidade de resultado falso-negativo durante o período de janela imunológica, que corresponde ao intervalo de tempo entre a infecção e a produção de anticorpos em níveis detectáveis pelo teste. Desta forma, caso o teste seja realizado neste período, o resultado pode ser negativo, mesmo na presença de infecção no organismo.
  • Os testes possuem um baixo valor preditivo negativo se realizados em amostras de pacientes na fase aguda da doença.
  • Os anticorpos detectados podem ser decorrentes de uma infecção anterior e não de uma infecção aguda.
Testes imunológicos que detectam antígenos

O que são?

Podem ser testes laboratoriais (ex: ELISA) ou rápidos (ex: imunofluorescência), que detectam proteínas virais. Embora possua boa especificidade, ainda está se estudando a dinâmica da produção dessas proteínas pelo vírus, não sendo possível descartar uma infecção nos casos de resultados negativos. Embora disponível no Brasil, não são utilizados com grande frequência.

Quando os testes que detectam antígenos devem ser solicitados?

Quando se deseja realizar um teste complementar para diagnóstico da infecção pelo SARS-CoV-2, não sendo recomendado como primeiro teste para se iniciar uma investigação.

Quais são as amostras utilizadas?

Swab de nasofaringe e/ou orofaringe

Quais são as limitações do teste?

  • Fornecem informações apenas qualitativa
  • Não deve ser utilizado como único critério para diagnóstico de COVID-19.

Biossegurança para realização de coleta de amostras testes diagnósticos para investigação de COVID-19

É extremamente importante que os profissionais que realizam a coleta de amostras e os exames rápidos e laboratoriais sigam rigorosamente as instruções de biossegurança, incluindo o uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Conforme NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020, os tipos de EPI e procedimentos para manipulação de amostras respiratórias por profissionais de saúde de laboratório são:

  • Higiene das mãos
  • Óculos ou protetor facial (se houver risco de respingos)
  • Máscara cirúrgica (substituir por máscara N95/PFF2, caso haja risco de geração de aerossol durante a manipulação da amostra)
  • Avental com manga comprida
  • Luvas de procedimento
  • Calçados fechados

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